Aquele corpo que não volta... aquela saudade que fica para sempre.
No dia oito de setembro de 2012, eu perdi para sempre o corpo de minha avó materna.
Agora sou uma jovem mulher sem avós, está era a última dos cabelos brancos e pele enrugada da geração. Definir a coleção de sentimentos que tive no momento da notícia não se descreve. O vazio que fica em minha cabeça e em meu coração não chega perto do aperto no peito, da culpa e da responsabilidade.
Em 2007 participei de um evento espiritual com Deus e lá prometi que não deixaria nenhum dos meus amigos e familiares sem conhecer o amor de Deus, o doce e suave carinho de Cristo.
Mas, eu falhei.
Falhei porque achei que não era o momento certo, falhei por vergonha de não saber o que falar, falhei por medo de ser chata.
E hoje, o ontem não tem volta.
O que passou não vai voltar nunca mais e tudo que deixei de fazer ficou ao vento.
Vento esse que soprou em minha face na noite do velório quando tentava deixar ela mais bonita com um falsa aparência cheia de maquiagem e cabelos penteados.
Aparência essa que mantive em todo o momento que vesti pela última vez o seu corpo. Seu conjunto azul de calça e blusa florida mal cabia no corpo enxado e gelado. Os pés amarados com atadura e os braços duros devido ao tempo começam a cortar meu coração ao meio.
E penso: “ela vai acordar, vai falar mil palavrões e vai me pedir para ir embora”
Mas, isso não acontece.
Pior, os braços não voltam para o lugar e imagino os mesmos sendo quebrados para entrar naquela grande caixa de madeira envernizada onde seu corpo ficara por semanas, meses e os ossos por anos.
Aquele corpo que não volta tinha um sorriso sagas e debochado. Seus dedos e cabelos eram aromatizados de nicotina.
E a saudade que fica, essa não vai embora nunca.
Pior que a saudade é a culpa, o remorso, a vergonha de não ter levado enquanto corpo o conhecimento da palavra de Deus.
Assim peço perdão.